Acordo NAFTA em 2018
O colapso do Acordo de Livre Comércio Norte-Americano (NAFTA) teria graves consequências para o Canadá, Estados Unidos e, em menor grau, para o México.
As previsões de crescimento e insolvência na América do Norte em 2018 vão estar claramente marcadas pelas negociações do Tratado Norte-Americano de Livre Comércio cuja falta de progresso se tornou notória em novembro de 2017. De acordo com o mais recente relatório divulgado pela Crédito y Caución sobre a região, “os Estados Unidos, Canadá e México permanecem profundamente divididos em questões substanciais,” mas “a expetativa geral é que Washington venha a moderar as suas propostas mais radicais e que as negociações se finalizem com uma revisão do acordo NAFTA em 2018”. No entanto, “se o tratado colapsar, o comércio entre os Estados Unidos, Canadá e México poderia regressar às regras da Organização Mundial do Comércio (OMC)”, que estabelece tarifas comerciais para diferentes produtos.
O México teria alguma capacidade para gerir este cenário, dado que as tarifas da OMC sobre os seus principais produtos de exportação para os Estados Unidos seriam bastante baixas. Embora a economia mexicana seja “muito suscetível às incertezas sobre o comércio e os investimentos com o seu vizinho do norte”, o relatório assinala que o seu desempenho está a ser “melhor que o esperado”. Além disso, o México está a fortalecer a médio prazo os laços com a Aliança do Pacífico, o Mercosul e a União Europeia, para reduzir a sua dependência comercial dos EUA.
O relatório divulgado pela Crédito y Caución põe a tónica na suscetibilidade do Canadá, que destina 75% das suas exportações para os EUA. As suas previsões económicas a curto prazo “poderiam ver-se afetadas negativamente por um resultado adverso das renegociações em curso do NAFTA ou por uma escalada das disputas comerciais” que derivassem num aumento das barreiras comerciais. Além disso, “o elevado endividamento das famílias poderia representar um risco para a economia” canadiana. De acordo com os dados do relatório divulgado pela seguradora de crédito, a habitação está sobrevalorizada e a dívida das famílias representa quase 170% da receita após impostos. “Qualquer possível recessão económica, em especial o aumento do desemprego, poderia converter o problema da dívida do consumidor num problema real, inclusive ameaçando a estabilidade do setor financeiro”, adverte.
A renegociação em curso do NAFTA também “poderia ter graves implicações para as perspetivas de negócio dos Estados Unidos, através de uma queda do investimento no caso de uma maior incerteza ou de barreiras comerciais”. Embora o relatório considere que as preocupações com o aumento do protecionismo nos Estados Unidos se tenham reduzido ligeiramente, “a política comercial da Administração norte-americana continua a ser um risco, não apenas para os seus parceiros comerciais, mas também para a própria economia americana”. O relatório da seguradora de crédito prevê ainda que a Reserva Federal aprofunde a subida gradual das taxas de juros em 2018 e alerta que “um ajuste monetário mais rápido do que o esperado também poderia afetar o balanço das empresas”.